TDAH e comorbidades: quando o transtorno não vem sozinho
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) raramente aparece de forma isolada. Pesquisas mostram que a maioria dos adultos com TDAH convive também com outros transtornos, conhecidos como comorbidades. Essa combinação pode intensificar os sintomas, dificultar o diagnóstico e impactar diretamente a qualidade de vida.
Reconhecer essas condições é essencial para entender melhor o funcionamento do paciente e oferecer um tratamento mais completo.
As comorbidades mais comuns do TDAH em adultos
Estudos apontam que mais de 70% dos adultos com TDAH apresentam pelo menos uma comorbidade psiquiátrica ao longo da vida. Entre as mais frequentes estão:
Ansiedade
É uma das comorbidades mais comuns. A pessoa vive em estado de preocupação constante, sente dificuldade para relaxar e pode ter sintomas físicos como palpitações, sudorese e tensão muscular. Em quem já tem TDAH, a ansiedade pode agravar a dificuldade de foco e organização, criando um ciclo de estresse diário.
Depressão
O TDAH aumenta a vulnerabilidade à depressão, já que o acúmulo de frustrações, a dificuldade de cumprir metas e a baixa autoestima podem levar a sentimentos persistentes de tristeza e desesperança. A depressão, por sua vez, intensifica a desmotivação, tornando ainda mais difícil enfrentar os sintomas do TDAH.
Transtornos do sono
A insônia e os distúrbios do sono são extremamente frequentes em pessoas com TDAH. Dificuldade para “desligar” a mente, horários irregulares e sono não reparador comprometem ainda mais a atenção e o humor durante o dia. Dormir mal potencializa sintomas como impulsividade e desatenção.
Transtornos por uso de substâncias
Alguns adultos recorrem ao álcool, cigarro ou outras drogas como forma de aliviar a agitação mental ou a ansiedade associada ao TDAH. Essa tentativa de “automedicação” pode gerar dependência química, trazendo novos problemas para a saúde e a vida social.
Transtornos de humor
Oscilações intensas de humor, irritabilidade e dificuldade em lidar com frustrações podem aparecer junto ao TDAH. Muitas vezes, confundem-se com bipolaridade ou apenas com “personalidade difícil”, atrasando a busca por ajuda.
Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
Embora menos frequente, o TOC pode aparecer em alguns casos. Pensamentos repetitivos e rituais compulsivos sobrecarregam ainda mais a mente e dificultam a execução das tarefas do dia a dia.
Por que as comorbidades dificultam o diagnóstico?
O diagnóstico de TDAH em adultos já é desafiador por si só, pois muitos sintomas podem ser confundidos com traços de personalidade ou estresse. Quando há comorbidades, essa tarefa se torna ainda mais difícil.
Por exemplo:
- A ansiedade pode ser vista como a única responsável pela dificuldade de concentração.
- A depressão pode explicar o desânimo e a procrastinação.
- Alterações no sono podem ser interpretadas apenas como “insônia primária”.
Nesses casos, o TDAH fica “escondido”, e o paciente recebe tratamentos parciais, que não atacam a raiz do problema.
O impacto no tratamento
O manejo do TDAH associado a comorbidades exige um olhar global e individualizado.
- Medicação: é ajustada considerando tanto os sintomas do TDAH quanto as condições associadas. Em alguns casos, o tratamento é iniciado pela comorbidade mais grave para depois incluir a medicação específica para TDAH.
- Psicoterapia: auxilia na construção de estratégias de organização, mas também no manejo da ansiedade, da depressão e do impacto das frustrações acumuladas.
- Mudanças de estilo de vida: sono regular, prática de atividade física e alimentação equilibrada beneficiam não apenas o TDAH, mas também os transtornos associados.
- Acompanhamento multidisciplinar: envolver psiquiatra, psicólogo, nutricionista e educador físico pode potencializar os resultados.
Um tratamento abrangente aumenta a adesão, melhora o prognóstico e devolve ao paciente mais autonomia e qualidade de vida.
Quando procurar ajuda
Se além dos sintomas clássicos do TDAH (como desatenção, impulsividade e dificuldade de organização) você percebe sinais de ansiedade, tristeza persistente, problemas para dormir ou uso excessivo de substâncias, é hora de buscar avaliação profissional.
Quanto antes o diagnóstico for feito, melhor será a resposta ao tratamento. Identificar as comorbidades permite que cada uma seja tratada de forma adequada, evitando que os sintomas se somem e se tornem ainda mais limitantes.
➡ Se você sente que o TDAH não vem sozinho, agende sua consulta. Identificar e tratar as comorbidades pode mudar completamente sua rotina e seu bem-estar.